Como era e quanto custava comprar uma camisa oficial dos grandes de SP nos anos 1980?

Como era e quanto custava comprar uma camisa oficial dos grandes de SP nos anos 1980?

13 de setembro de 2019 0 Por Allan Simon

Hoje em dia você já sabe, se um time lançar uma nova camisa oficial na sexta-feira, no sábado já tem um monte de torcedores com ela no estádio. A facilidade (desde que pagando bem) com a qual se pode comprar uma peça do uniforme do clube do coração é algo que faz parte do cotidiano do futebol brasileiro atualmente. Mas, como era isso há pouco mais de 30 anos?

Em um “crossover” entre duas seções deste blog, “Como Era?” e “Quanto Custava?” mostram a partir de agora como era o caminho das pedras para comprar uma camisa oficial dos clubes grandes de São Paulo em 1988, a partir de reportagem publicada pela revista Placar no dia 16 de dezembro daquele ano.

A matéria trazia informações de clubes em várias regiões do país. Vamos separar em alguns posts nesta série, por isso vamos começar falando apenas dos paulistas. A reportagem de Placar pesquisou como era o procedimento para compra das camisas de Corinthians, Guarani, Palmeiras, Portuguesa, Santos e São Paulo e quanto custava na época essa transação.

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Para trazer aos valores atuais, o Blog do Allan Simon usou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é a inflação oficial medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),  considerando os meses de dezembro de 1988 e agosto de 2019, além de uma conversão de moedas realizada por meio do site do Banco Central do Brasil.

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Importante lembrar antes de embarcarmos nessa viagem: o salário mínimo vigente no Brasil em dezembro de 1988 era de Cz$ 40.425. O rendimento médio dos trabalhadores naquele mês, segundo o IBGE, era de pouco mais de 103,5 mil cruzados, ou seja, ligeiramente acima de dois salários mínimos e meio da época.

Atualmente, o salário mínimo está fixado em R$ 998, e o rendimento médio está em R$ 2.286, que é pouco mais de dois salários mínimos.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa oficial do Corinthians?

Como era: Segundo a Placar, “a chave” para adquirir uma camisa oficial do Corinthians atendia pelo nome de Miranda, o roupeiro do clube. As vendas eram feitas inclusive pelo telefone, mas não as camisas não eram enviadas pelo correio. Havia também uma loja do clube no Parque São Jorge. A revista dizia que cerca de 350 camisas eram vendidas por mês, sendo a maioria com o número 5, já que os corintianos chegavam pedindo “a do Biro-Biro”. Importante ressaltar: não eram vendidas camisas de goleiro, nem as listradas. O clube dizia que sairia muito caro.

Quanto custava:  O preço da camisa oficial do Corinthians na loja oficial no Parque São Jorge era de 7 mil cruzados, mas o roupeiro Miranda fazia um desconto e vendia por 5 mil, segundo a revista apurou.

Preço atualizado: A camisa vendida na loja oficial equivalia a R$ 109,97 em dinheiro de hoje. Com o “desconto do Miranda”, esse valor caía para R$ 78,55.

Em dezembro de 1988, portanto, uma camisa oficial do Corinthians na loja do clube custava 17,3% do salário mínimo vigente na ocasião. O valor atualizado (R$ 109,97) representa 11% do mínimo de 2019. Com o desconto na compra direta com o roupeiro corintiano, a camisa caía para 12,3% do salário mínimo daquela época. Ou 7,8% do atual.

Nem vamos comparar com os preços praticados nas camisas oficiais de hoje em dia, vendidas sempre acima dos R$ 200, pois envolvem materiais, estratégias de marketing e valores completamente diferentes de uma compra feita diretamente com o roupeiro de um clube de futebol.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa oficial do Palmeiras?

Como era: O Palmeiras também tinha uma loja no Parque Antárctica, mas era possível comprar diretamente com o roupeiro José Carlos nos vestiários em dia de treino. Assim como no caso do rival alvinegro, não havia venda com entrega pelos correios. A camisa 10 era mencionada pela Placar como “sempre falta”, mas sobravam as camisas de número 4.

Quanto custava: Aqui há uma diferença bem grande com relação ao rival do Parque São Jorge. O Palmeiras vendia camisa de goleiro. E os valores em geral eram mais altos. Além disso, era mais caro comprar com o roupeiro do que na loja. Mas era uma diferença de apenas 500 cruzados, ou seja, um desconto de R$ 7,86. A camisa de linha vendida por José Carlos custava 10 mil cruzados, enquanto o modelo de goleiro saía por Cz$ 17 mil.

Preços atualizados: Comprando com o roupeiro, a camisa do Palmeiras saía por R$ 157,10 em dinheiro de hoje. A de goleiro custava R$ 267,08. Prometemos que não faríamos comparações, não é mesmo? Mas impossível não citar que, em valores atuais, ela chegava a ser mais cara que alguns lançamentos da Puma no Palmeiras em 2019.

O torcedor do Palmeiras que quisesse comprar uma camisa da linha, a tradicional verde, pagaria 24,7% de um salário mínimo em dezembro de 1988. Na conversão para o real de agosto de 2019, esse valor representa 15,7% do mínimo atual.

O modelo de goleiro chegava a custar 42% do salário mínimo em dezembro de 1988. Com a conversão, aquele valor era equivalente a 26,7% do mínimo de hoje.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa do Santos?

Como era: Placar apurou na época que a única forma de comprar uma camisa oficial do Santos era enviando um cheque administrativo para a Vice-Presidência de Patrimônio do clube na Vila Belmiro. A camisa 10, marcada na história por Pelé, era obviamente a mais procurada. Mas também fazia sucesso a número 8, usada por Sócrates naquele ano no Peixe.

Quanto custava: Como o processo de venda ocorria apenas por meio de carta, a entrega era feita via Sedex. A camisa, já com o valor da remessa incluso, saía por 8,6 mil cruzados. Não era vendido o modelo de goleiro.

Preço atualizado: A camisa oficial do Santos custava o equivalente a R$ 135,11 de hoje, considerando aí já o frete incluso na compra.

Ou seja, na época era preciso pagar 21,2% do salário mínimo para ter o produto original do Peixe. Na conversão, o valor proporcional de hoje se refere a 13,5% do mínimo atual.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa do São Paulo?

Como era: O São Paulo era outro time grande que vendia camisas diretamente com seu roupeiro, o Tião, segundo Placar. Mas também eram feitas vendas por correspondências endereçadas ao Departamento de Promoções e Marketing do clube no Morumbi. As camisas com números dos jogadores de ataque eram as mais vendidas. Elas vinham com o logotipo da Coca-Cola, patrocinadora da época.

Quanto custava: O Tricolor tinha as camisas mais baratas entre todos os times que jogavam o Campeonato Brasileiro naquele ano. O modelo de goleiro custava 5 mil cruzados, enquanto o de linha saía por apenas Cz$ 3 mil.

Preços atualizados: Enquanto a camisa de goleiro saía por valor equivalente a R$ 78,55, o modelo do São Paulo tradicional, branco e com as listras tricolores no peito, custava apenas R$ 47,13.

O São Paulo tinha o mérito de vender uma camisa oficial da linha por apenas 7,4% do salário mínimo daquela época. Na conversão, o preço equivale a apenas 4,7% do mínimo de hoje.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa do Guarani?

Como era: Havia duas formas. Uma delas era mandar uma carta para o Departamento Social do clube. Mas preste atenção à outra. Placar informava que o lateral-esquerdo Élcio era o responsável pelas vendas após os jogos. Isso mesmo, ficava a cargo de um jogador. Não eram vendidas as de goleiro, que a Adidas fazia apenas para uso nas partidas. Os modelos de linha mais procurados eram com o número 10, de Neto, 5, de Tosin, e 3, de Vágner.

Quanto custava: A camisa oficial do Guarani tinha preço único: 10 mil cruzados, semelhante ao cobrado pelo Palmeiras, que também tinha material feito pela Adidas.

Preço atualizado: O mesmo da camisa de linha do Palmeiras: R$ 157,10

– Como era e quanto custava comprar uma camisa da Portuguesa?

Como era: A camisa oficial da Portuguesa era vendida pelos jogadores no Canindé. Cada um deles tinha uma cota de dez camisas para vender. Também era possível comprar por carta endereçada ao goleiro Waldir Peres, presidente da caixinha dos jogadores. As camisas eram feitas pela Mizuno e vinham sem patrocínio. As mais procuradas, segundo Placar, eram a número 10, de Zenon, e a 9, de Kita.

Quanto custava: Com a justificativa de que se tratava de material importado do Japão pela Mizuno, a Portuguesa tinha a camisa mais cara do Campeonato Brasileiro. Saía em média por 30 mil cruzados.

Preço atualizado: R$ 471,31. Inacreditável, não é mesmo? O valor da época era equivalente a 74,2% do salário mínimo. Mesmo na conversão, chegaria a 47,1% do mínimo atual. Mas pelo menos você poderia se comunicar por carta com Waldir Peres, não é mesmo?

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