Como era e quanto custava comprar as camisas oficiais dos grandes do RJ nos anos 1980?

Como era e quanto custava comprar as camisas oficiais dos grandes do RJ nos anos 1980?

19 de setembro de 2019 0 Por Allan Simon

Na semana passada, o Blog do Allan Simon já mostrou como era e quanto custava comprar as camisas oficiais dos times grandes de São Paulo no fim dos anos 1980. Dando sequência à reportagem, fruto de uma pesquisa aos arquivos da revista Placar e um trabalho de atualização monetária, vamos conhecer agora as maneiras de adquirir e os preços que o torcedor carioca tinha que pagar em dezembro de 1988 para poder ter uma camisa de Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense.

Como explicamos no post anterior, esse “crossover” entre as seções “Como Era?” e “Quanto Custava?” surgiu de uma reportagem publicada pela revista Placar no dia 16 de dezembro de 1988. Ela trazia as informações de como um torcedor poderia adquirir as camisas oficiais dos times que participavam da elite do Brasileirão, mas nós optamos aqui por dividir em vários posts, então agora chegou a vez do Rio de Janeiro.

Para atualizar os valores, o Blog do Allan Simon usou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice de inflação oficial medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Consideramos os meses de dezembro de 1988 e agosto de 2019, além de uma conversão de moedas realizada por meio do site do Banco Central do Brasil.

Vale lembrar de novo: o salário mínimo vigente no Brasil em dezembro de 1988 era de Cz$ 40.425. O rendimento médio dos trabalhadores naquele mês, segundo o IBGE, era de pouco mais de 103,5 mil cruzados, ou seja, pouco acima de dois salários mínimos e meio da época.

Atualmente, o salário mínimo está fixado em R$ 998, e o rendimento médio está em R$ 2.286, que é pouco mais de dois salários mínimos.

– Como era e quanto custava comprar as camisas oficiais do Flamengo?

Como era: Segundo a Placar, o torcedor poderia comparecer à sede rubro-negra na Gávea, onde existia a loja “Fla-Boutique”. Também era possível comprar por correspondência via vale postal ou cheque nominal. O clube informava que vendia cerca de 120 camisas por mês, sendo que a imensa maioria (70%) eram com o número 10 nas costas, a camisa eternizada por Zico.

Quanto custava: O Flamengo vendia duas camisas oficiais, a rubro-negra e a branca. Ambas tinham o mesmo preço. Cada uma saía por Cz$ 11 mil. Também era possível comprar um modelo de goleiro, mas que a reportagem de Placar indicava ter dois problemas: o preço era de 61,9 mil cruzados, e o modelo nem era oficial.

Preços atualizados: Cada camisa oficial de linha do Flamengo custava o equivalente a R$ 172,81 em valores de hoje. Na época, o preço de 11 mil cruzados era proporcional a 27,2% do salário mínimo vigente em dezembro de 1988. O preço atualizado dá 17,3% do mínimo atual.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa oficial do Vasco?

Como era: Havia uma loja na entrada do Estádio de São Januário. Então era possível comprar pessoalmente ou por carta. O Vasco informava que vendia cerca de 140 camisas por mês, e que de sete torcedores, cinco queriam a número 8, de Geovani. O modelo vendido vinha com o logotipo da Coca-Cola.

Quanto custava: Assim como o rival Flamengo, o Vasco vendia dois modelos de camisas oficiais. Era possível comprar a branca com faixa preta, ou a preta com faixa branca. Qualquer uma custava inclusive o mesmo preço cobrado pelo clube rubro-negro: 11 mil cruzados. Também dava para comprar um modelo de goleiro, mas também não era o oficial. Custava Cz$ 21,8 mil.

Preços atualizados: O mesmo das camisas oficiais do Flamengo, R$ 172,81.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa do Botafogo?

Como era: Segundo a revista, havia duas modalidades de compra. Ou o torcedor poderia comparecer ao Shop Estrela Solitária, na sede social do clube, ou precisaria fazer um reembolso postal, com pagamento na entrega. Placar destacava que a camisa 7 que Garrincha marcou na história botafoguense não era a mais procurada pelos torcedores. Era a 9, de Paulinho Criciúma.

Quanto custava: O Botafogo também vendia dois modelos, o listrado e o branco, mas havia diferença de preços entre eles. A listrada custava Cz$ 9,9 mil, enquanto a branca saía por 9,5 mil cruzados. Assim como os rivais já citados, o clube vendia uma camisa de goleiro que não era a oficial. Pelo menos era mais barata, custava 8,8 mil cruzados.

Preços atualizados: A camisa listrada custava o equivalente a R$ 155,53. A diferença de 400 cruzados para o modelo branco, mais barato, se reflete no dinheiro de hoje em menos de 7 reais. O preço dela atualizado fica em R$ 149,25. Na época, os preços de ambas variavam entre 23,5 e 24,4% do salário mínimo.

– Como era e quanto custava comprar uma camisa do Fluminense?

Como era: Havia três maneiras, segundo a Placar. Duas delas envolviam a loja Flu-Boutique, sendo uma pessoalmente, e outra por carta. Ficava na sede do clube nas Laranjeiras. Mas também era possível comprando buscando o roupeiro Chimbica. O Fluminense estimava vender 145 camisas por mês naquela época. Os números 9, 7 e 2 eram os mais comercializados. O modelo de goleiro estava em falta, mas pelo menos era o oficial.

Quanto custava: A diferença era enorme entre comprar na loja e procurar o roupeiro. Na Flu-Boutique, a listrada custava 10,9 mil cruzados. A branca era mais barata, saía por Cz$ 8,6 mil. Mas nada como comprar com o Chimbica: ele vendia por 4 mil cruzados. O modelo de goleiro na loja oficial era comercializado por Cz$ 15,5 mil.

Preços atualizados: Comprando na Flu-Boutique, a camisa listrada tricolor custava o equivalente a R$ 171,24 de hoje. A branca saía por R$ 135,11. O modelo oficial de goleiro chegava a R$ 243,51. Só que o negócio era mesmo procurar o Chimbica. Com ele, custava R$ 62,84. Mesmo para a época, os 4 mil cruzados eram pouco menos de 10% do salário mínimo.

Vale também a curiosidade: a camisa oficial do América-RJ custava 11 mil cruzados, o mesmo valor de Flamengo e Vasco. Era vendida em uma lojinha do clube na Tijuca. Mas o clube divulgou que saía por média apenas uma unidade por mês. “Se dependesse da procura por camisas, a lojinha fecharia”, escreveu a Placar. Já a do Bangu, vendida na loja da sede social do clube, custava 7 mil cruzados. Mas não era feita pela Adidas, então não era o modelo usado pelos jogadores em campo.

Nos próximos posts, vamos relembrar os preços e maneiras de comprar as camisas de times de outros estados do Brasileirão de 1988.

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