Brasileirão: Como o dinheiro da TV foi distribuído entre os fundadores do C13 desde 2001

Brasileirão: Como o dinheiro da TV foi distribuído entre os fundadores do C13 desde 2001

12 de janeiro de 2020 0 Por Allan Simon

O Clube dos 13 foi uma entidade criada em 1987 pelos 13 times de maior torcida no Brasil com a intenção de romper com a CBF e gerir de maneira independente o campeonato mais importante do país, o que fez surgir a Copa União naquele ano. Foi a primeira competição sustentada principalmente com o dinheiro da TV, que era tão inédito que acabou comparado na época a uma “bilheteria fixa”, equivalente à certeza de milhares de ingressos vendidos todos os jogos.

Após a crise que fez com que os integrantes do grupo não topassem jogar o quadrangular proposto pela confederação, que considerou o Sport Recife como campeão brasileiro daquele ano, o C13 perdeu o ímpeto e acabou se transformando em um agenciador dos contratos de televisão do Campeonato Brasileiro.

Primeiro, comercializou com a Globo até 1989. Depois, vendeu a exclusividade para a Band nos anos de 1990 e 1991 após a desistência da maior emissora do país, que voltou em consórcio com o canal do Morumbi entre 1992 e 1999. Desde 2000 até 2011, a emissora carioca teve a exclusividade total sempre abençoada pelo Clube dos 13 mesmo com propostas tentadoras do SBT (1997 e 2003) e da Record (após 2007).

E foi justamente uma licitação aberta que tinha a empresa de Edir Macedo como forte candidata que acabou sendo palco do fim da união dos clubes, que decidiram passar a negociar individualmente com a Globo a partir do contrato de 2012.

A morte do Clube dos 13 foi também o fim de um sistema de divisão de cotas que existia desde 2001, quando a entidade resolveu separar Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Vasco em um grupo que ganharia mais, e colocou Santos, Fluminense, Botafogo, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético-MG e Bahia com rendimentos menores.

Até então, o dinheiro era dividido por igual, como aconteceu na Copa União de 1987 (a estimativa na época, segundo o jornalista Mauro Beting, é de que cada clube tenha recebido 12,8 milhões de cruzados, o que daria quase R$ 2 milhões em valores atualizados pelo IPCA entre os meses de dezembro de 1987 e 2019 – sendo que os três clubes de fora do C13 receberiam quantias menores).

Sem o C13, Flamengo e Corinthians passaram a receber mais que São Paulo, Palmeiras e Vasco, que ainda ficaram à frente de Santos, Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Internacional, Fluminense, Botafogo e Bahia, os membros originais da entidade que acabou na prática em 2011.

Em 2019, Palmeiras, Santos, Internacional e Bahia passaram a fazer parte do grupo de times que rompeu com a exclusividade da Globo e assinou contrato de TV por assinatura com a Turner, modificando bastante o jogo do dinheiro.

O Blog do Allan Simon usou como recorte histórico os valores recebidos em cotas fixas de TV a partir de 2001 porque, até então, não havia grande discrepância de dinheiro no Brasileirão. Até 2018, não consideramos os valores das premiações aos campeões. O fizemos em 2019 porque esse item passou a representar uma parcela muito importante (30% dos contratos de TV aberta e por assinatura do Grupo Globo, 25% da Turner) na conta final.

Consideramos apenas esses clubes porque a intenção é mostrar como as entidades que se juntaram para formar o Clube dos 13 há mais de 30 anos performaram nas últimas duas décadas em arrecadação. Principalmente levando em conta que todos recebiam por igual o dinheiro que foi gerado a partir do primeiro contrato coletivo de TV, com a Globo, em 1987. O resultado está no vídeo abaixo:

Importante lembrar:

– Isso tudo é uma projeção. Alguns times podem ter ganhado pouco mais ou pouco menos, lembrando que muitos antecipavam cotas com a Globo e o próprio Clube dos 13;
– Essas possíveis discrepâncias são pequenas e não alteram o ponto principal, que é a diferença entre os times;
– Todos os valores são nominais, sem atualização monetária, já que o dinheiro foi recebido e gasto em suas respectivas épocas – quando não foi antecipado, como dissemos acima;
– Na era “C13” desse gráfico (2001-2011), os times rebaixados recebiam metade da cota enquanto jogavam a Série B;
– A partir dos contratos individuais, em 2012, o valor era mantido integralmente no 1º ano de Série B;
– O Santos passou a ganhar mais dinheiro ao ser promovido pelo C13 no fim de 2004;
– O Bahia não recebeu cotas enquanto jogou a Série C.

Fontes que embasaram os dados desse levantamento: 

– Acervos dos jornais “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo”
Blog de Cássio Zirpoli 
– Arquivos do site Papo de Bola
Projeção própria dos valores de 2019 feita pelo Blog do Allan Simon

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